Espero que você goste desse artigo. Se você quiser, conheça os psicólogos que fazem terapia online. Autor: Regina Gomes Frossard - Psicólogo CRP 04/14190
Algumas pessoas desenvolvem uma relação tóxica com a comida por uma série de razões: pressões sociais, baixa autoestima, eventos traumáticos, estresse, vivência em um ambiente opressor, entre outros.
Dessa maneira, estes fatores podem incentivar o surgimento de um transtorno alimentar (TA).
Essas condições podem ser perigosas para a saúde mental e física quando não diagnosticadas e devidamente tratadas.
Logo, é essencial procurar um psicólogo para ajudar a quebrar crenças que incentivam hábitos alimentares nocivos e um médico para tratar quaisquer danos causados à saúde física.
Devido à natureza dessas condições, contudo, pode ser complicado identificar os sintomas em si mesmo e nos outros.
Convencer alguém querido a buscar ajuda e a combater a doença também pode ser um desafio.
Pensando nisso, neste blog, te explicaremos o que é transtorno alimentar, seus tipos, e os principais sinais de transtorno alimentar para auxiliar a identificação.
O que é Transtorno Alimentar?
O transtorno alimentar (TA) é uma condição comportamental, onde distúrbios graves e contínuos prejudicam a relação do indivíduo com a alimentação.
Junto aos transtornos alimentares, ainda há a associação de pensamentos e emoções de angústia.
Neste transtorno psicológico, os distúrbios são capazes de gerar complicações na função física, social e psicológica do paciente.
Se contabilizarmos todos os tipos de transtornos alimentares, é possível concluir que uma grande parcela da população convive com eles.
Um estudo científico publicado no International Journal of Eating Disorders, constatou que houve um aumento de 48% nas internações por conta dos transtornos alimentares na pandemia.
Existe uma incidência maior em pessoas do sexo feminino, mas isso não quer dizer que homens também não sofrem com essa condição.
Geralmente, os TAs são associados com preocupações acerca da comida, peso e forma do corpo.
Tudo isso pode ser intensificado com o padrão de corpo perfeito que é imposto nos dias atuais. Vale destacar que há algum tipo de preocupação das marcas em desconstruir esse padrão, mas nada ainda é definitivo.
Alguns dos principais sintomas dos transtornos alimentares são:
- ansiedade;
- baixa autoestima;
- compulsão alimentar;
- purgação por vômito;
- uso de laxantes;
- exercícios físicos compulsivos;
- comer com restrição.
Tais comportamentos citados acima podem até mesmo ser semelhantes a um vício.
Cabe ressaltar que os TAs comumente ocorrem junto a outros transtornos psiquiátricos, como ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), e até mesmo problemas com drogas e álcool.
Uma das consequências dos TAs é física, como por exemplo desnutrição, problemas dentários, complicações cardíacas e gastrointestinais.
Durante o tratamento, é comum que pessoas com transtorno alimentar neguem que exista algum problema com a sua alimentação.
Quais são os tipos de transtorno alimentar?
Agora que você entende o que é transtorno alimentar, vamos te explicar os tipos existentes. Os principais e mais comuns são a anorexia, a bulimia e o transtorno da compulsão alimentar.
Abaixo, confira os principais tipos de TA:
Bulimia Nervosa
A bulimia nervosa é um transtorno alimentar caracterizado pela restrição alimentar, onde a pessoa ingere apenas alimentos de baixa caloria, ou em pequenas quantidades.
Neste caso, também existem episódios de compulsão alimentar, onde, em um curto período de tempo, o indivíduo consome grande quantidade de alimentos, sejam eles saudáveis ou não.
A pessoa, geralmente, se alimenta muito nesse pequeno espaço de tempo, e, na maioria dos casos, até se sentir desconfortável.
Após esse tipo de comportamento, a pessoa com bulimia utiliza meios insalubres para evitar o ganho de peso.
Assim, pode forçar vômitos, realizar jejum, praticar exercícios de forma compulsória e até mesmo fazer uso de laxantes.
Pessoas com bulimia constantemente estão preocupadas com o aumento de peso e os formatos de seus corpos.
Indivíduos com bulimia nervosa também podem apresentar perfis corporais diversos. A pessoa pode estar abaixo do peso, peso normal, sobrepeso ou obesos.
Contudo, o diagnóstico é alterado quando alguém está muito abaixo do peso, sendo assim tratada como pessoa com anorexia nervosa, com compulsão alimentar e episódios de purgação.
É comum que os familiares ou amigos de uma pessoa nessas condições não saiba que ela está com esse transtorno, justamente porque, fisicamente, a pessoa não costuma apresentar sinais evidentes.
No entanto, é preciso atentar-se aos seguintes sinais:
- idas ao banheiro depois de fazer refeições;
- grandes porções de comidas que acabam rapidamente;
- dores de garganta constantes;
- cáries dentárias;
- azia e refluxo;
- diarreia constante;
- tontura e desmaio.
A terapia cognitivo-comportamental, associada ao cuidado médico, são os mais recomendados para o tratamento desse problema.
Anorexia Nervosa
A anorexia nervosa é um TA em que a pessoa, por conta de problemas, apresenta grande perda de peso.
Vale ressaltar que é um transtorno muito perigoso, pois é considerado um dos mais fatais, ficando atrás apenas do transtorno por uso de drogas.
O comportamento de pessoas com anorexia é sustentado pelo grande medo de ganhar peso. Alguns indivíduos, inclusive, costumam afirmar que desejam ganhar peso, mas essa afirmação não é confirmada por suas atitudes.
Existem pessoas que comem alimentos em pouca quantidade e ainda se exercitam muito, bem como outras que comem de forma compulsiva e eliminam o alimento por vômito ou laxantes.
Há dois tipos de anorexia nervosa, que são:
- anorexia nervosa restritiva: ocorre pela perda de peso por dieta, jejum ou exercício físico em demasia;
- anorexia nervosa de compulsão alimentar e purgação: se estabelece quando as pessoas comem muito, rapidamente, e depois eliminam os alimentos.
Alguns dos principais sintomas são:
- menstruação que deixa de acontecer;
- tonturas ou desmaios;
- pouca resistência ao frio;
- azia e refluxo;
- cabelos e unhas fracas;
- constipação;
- fraturas por conta de exercícios físicos;
- perda óssea;
- depressão, ansiedade e fadiga.
O tratamento da anorexia se concentra, primeiramente, em estabelecer um plano nutricional, assistido por médicos e familiares.
O próximo passo é a partir de sessões de psicoterapia, que buscam estabelecer a satisfação com o corpo e outros pensamentos.
Transtorno de Compulsão Alimentar
O transtorno de compulsão alimentar é mais um tipo de TA, em que as pessoas apresentam compulsão alimentar, onde comem grandes quantidades de comida, em pouco tempo.
Elas costumam perder o controle durante esse momento e, após ele, se sentem tristes e angustiadas.
A sua principal diferença da bulimia nervosa, é que os pacientes com TCA não utilizam de práticas purgativas, como indução ao vômito, uso de laxantes e exercícios físicos.
Isso faz com que condições de saúde físicas sejam notadas, através da obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e hipertensão.
Em um diagnóstico, se analisa a frequência em que os episódios de compulsão acontecem. Caso eles sejam frequentes, e com a ausência de purgação, o diagnóstico passa a analisar sintomas como:
- alimentação rápida;
- comer até se sentir desconfortável;
- comer muito, mesmo sem estar com fome;
- sentimento de angústia;
- comer geralmente sozinho, por conta de vergonha.
A psicoterapia, seja pelo método cognitivo-comportamental ou interpessoal, é um dos principais tratamentos para essa condição, e se mostra bastante eficaz.
Pica
Pica é um distúrbio alimentar, onde a pessoa costuma comer, de forma repetitiva, diversos alimentos incomuns, que não possuem valor nutricional.
Diversas substâncias podem ser ingeridas, como sabão, papel, carvão, terra, giz, cabelo, tecidos e mais.
Geralmente, ela ocorre na infância, mas também pode se apresentar em outras fases da vida, inclusive a adulta.
Vale lembrar que ela não deve ser diagnosticada em crianças menores de 2 anos de idade, pois experimentar coisas incomuns nessa fase da vida faz parte do seu desenvolvimento.
A Pica é observada junto a outras condições, como deficiência intelectual e transtorno do espectro autista.
É uma condição maléfica, pois pode causar problemas intestinais, como também intoxicação por algumas substâncias.
O tratamento se concentra em consultas com psicólogos e tratamento médico-nutricional.
Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo
O Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo é um TA definido recentemente. Nele, as pessoas costumam apresentar uma exigência anormal em relação aos alimentos.
Além disso, é comum que essas pessoas não sintam apetite ou interesse em comer, além de evitarem diversos alimentos por conta de fatores como cor, cheiro, textura, aparência e outros.
Outro sinal desse transtorno é a alta preocupação em se alimentar. A pessoa pode pensar que pode vomitar, ter constipação, engasgar ou apresentar uma reação alérgica.
O diagnóstico do TARE ocorre a partir da análise dos sintomas indicados acima, com acréscimo da perda de peso, deficiência nutricional e até a dificuldade de comer com outras pessoas.
O transtorno difere da anorexia nervosa, pois, embora haja perda significativa de peso em ambos, as pessoas com TARE não se mostram preocupadas com o seu peso ou formato.
Transtorno de Ruminação
O Transtorno de Ruminação ocorre quando a pessoa tem o comportamento de regurgitar os alimentos diversas vezes, mastigá-lo novamente, antes de engoli-lo ou simplesmente jogá-lo fora.
Ele pode se dar em qualquer faixa etária, e para ser diagnosticado, o paciente precisa apresentar os seguintes sintomas:
- ocorrência repetida, ao menos durante 1 mês;
- condição que não tem a ver com problemas médicos;
- não se enquadrar em qualquer outro tipo de TA;
- possibilidade de ocorrência com outros transtornos da mente.
Leia também: Transtorno de acumulação: Sintomas, causas e tratamento [Guia]
Como identificar um transtorno alimentar?
Os hábitos alimentares são os principais indicadores do transtorno alimentar.
É através da observação deles que outras pessoas conseguem perceber se alguém tem ou não uma condição como essa.
A maneira como a pessoa se relaciona com a comida deixa evidente a sua crença em relação aos alimentos e sua aparência física.
Indivíduos que sofrem de transtorno alimentar costumam viver em negação.
Eles podem até ter noção de que possuem hábitos alimentares diferentes dos demais, mas acreditam que “é assim mesmo”, cada um faz o que acredita ser melhor para si.
Em outras palavras, eles não conseguem enxergar a gravidade do que estão fazendo.
Por essa razão, quando alguém faz um comentário sobre a maneira como se alimentam ou expressam preocupação, eles ficam na defensiva.
Essa postura normalmente impede que esses indivíduos busquem ajuda psicológica e médica, e torna as conversas acerca de hábitos alimentares saudáveis mais complicadas.
Amigos, familiares e cônjuges precisam encontrar o equilíbrio entre a paciência e o pulso firme com a pessoa querida que aparenta ter uma das condições mencionadas anteriormente.
É indispensável tentar entender a maneira como a pessoa vê a comida para encontrar a melhor maneira de ajudá-la e, ao mesmo tempo, não cair em suas justificativas irracionais.
Abaixo, veja sinais comuns que indicam que alguém pode ter transtorno alimentar. Para realizar um diagnóstico certeiro, contudo, é indispensável se consultar com um psicólogo.
1. Significativo ganho ou perda de peso
Quem tem compulsão alimentar normalmente ganha muito peso em um curto período e, se não se perceber, pode chegar à obesidade.
Já quem sofre de bulimia ou anorexia costuma perder muito peso. Em ambos os casos, o extremismo pode desencadear graves consequências para a saúde física.
Familiares, amigos e conhecidos que convivem com esses indivíduos não conseguem pontuar as causas dessa mudança radical.
2. Preocupar-se excessivamente com a alimentação
A preocupação com a alimentação é constante na cabeça de quem tem transtorno alimentar.
Se comem o que julgam ser “além do necessário”, ficam preocupados e pensam em maneiras de compensar as calorias extras.
Traçam planos para emagrecer constantemente e tendem a ser viciados em conteúdos sobre dietas e relatos de emagrecimento.
Entretanto, costumam evitar falar sobre o assunto para não levantar suspeitas.
3. Esconder comida ou comer em segredo
Esconder comida para comer secretamente ou em momentos de ansiedade e estresse é muito comum.
Às vezes, a pessoa com transtorno alimentar utiliza esse esconderijo como uma forma de motivação para não comer, dizendo a si mesma que não merece consumir aqueles alimentos.
Neste caso, o ato de comer em segredo costuma ter mais a ver com a necessidade do corpo de se alimentar do que com a vergonha em comer na frente dos outros.
4. Usar laxantes ou vomitar após as refeições
Pessoas com bulimia frequentemente usam laxantes para limpar o estômago e permanecerem magras, ou vomitam após as refeições.
Ambas as atitudes podem trazer muitos danos à saúde, afinal, não se tratam de funções naturais do corpo.
Em casos raros, o estômago pode romper devido às regurgitações excessivas.
5. Comer em excesso
Pessoas com compulsão alimentar comem excessivamente durante as refeições, como almoço e jantar, e fora delas.
Elas podem comer muito de uma única vez ou comer diversos alimentos que fazem mal à saúde se consumidos com frequência, como refeições fast-food, diariamente.
Qualquer pequeno motivo é um incentivo a alimentação desregrada.
6. Evitar ambientes onde haja comida
Para não cair na tentação de comer, pessoas com bulimia ou anorexia costumam evitar ambientes onde sabem que há comida.
Assim, além de não comer adequadamente, elas começam a se isolar socialmente.
Os entes queridos e amigos podem ficar preocupados com o seu comportamento e achar que o problema não é o alimento, mas sim um conflito ou afastamento natural da relação.
7. Praticar atividades físicas atipicamente
Praticar exercícios físicos é essencial para ter qualidade de vida, boa saúde e longevidade. Porém, existe um limite para a prática!
Pessoas com transtorno alimentar costumam exagerar na dose de exercícios para perder peso rapidamente ou manter a forma.
Elas se alimentam e correm se exercitar para queimar as calorias o mais rápido possível.
Elas também podem optar por caminhar longas distâncias em vez de usar o transporte público ou dirigir para se exercitar, ou sair para correr em horários atípicos.
É igualmente comum que façam exercícios como uma maneira de competir com pessoas magras que, na verdade, não tem consciência que despertam esse sentimento de competividade.
8. Sentimento de vergonha, culpa e/ou frustração
Quem tem transtorno alimentar não vive 100% satisfeito com os seus hábitos alimentares.
Eles sabem que estão fazendo algo considerado atípico ou inadequado, por isso, tendem a sentir culpa, vergonha ou frustração por não conseguirem ser “normais”.
Esses sentimentos também afloram quando eles não conseguem resistir aos impulsos e saem da dieta ou comem excessivamente.
Depois do ato, quem tem transtorno alimentar se sente envergonhado ou culpado por suas ações.
Esse estado emocional negativo os incentiva a manter segredo de seus comportamentos.
9. Nutrir ansiedade em relação à aparência física
A aparência física costuma ser uma grande preocupação para pessoas com bulimia, anorexia e até compulsão alimentar.
Essas pessoas não conseguem se ver como na verdade são. Para elas, sempre há algo para ser consertado no seu corpo.
Elas são suscetíveis a fazer comparações com pessoas que consideram ideais de beleza e se sentem mal quando não conseguem se aproximar delas.
Quem tem compulsão alimentar acaba se sentindo culpado por não ter o corpo perfeito e não conseguir parar de comer.
Então, consome alimentos para combater a ansiedade. Mesmo sabendo da falta de lógica de suas ações, esse ciclo de ansiedade e compulsão alimentar se repete em sua vida.
10. Seguir regras rígidas de dieta
Pessoas anoréxicas e bulímicas criam regras rígidas de dieta, como se alimentar de uma quantidade específica de comida por dia, evitar certos alimentos e ambientes com comida ou exercitar-se por um certo período para queimar calorias.
As regras não costumam ser coerentes, mas são seguidas à risca.
Quando elas são quebradas, as pessoas se sentem culpadas e podem procurar uma forma de punição.
Como a terapia pode ajudar no tratamento de transtornos alimentares?
Embora os sintomas dos transtornos alimentares sejam fisicamente, muitos deles são causados por problemas psicológicos, a partir de traumas e pensamentos negativos sobre o próprio corpo.
Por esse motivo, além do acompanhamento com médicos e nutricionistas, a psicoterapia é fundamental para a melhora de uma pessoa nessas condições.
O psicólogo é capaz de entender quais são os motivos pelos quais essas pessoas possuem baixa autoestima, e então buscam trabalhar essas questões, a fim de ressignificar esse sentimento e estimular a autoaceitação.
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Conclusão
Para você que busca o que é transtorno alimentar, este blog teve como objetivo sanar todas as suas dúvidas.
Trata-se de uma condição grave, que pode levar até mesmo à morte. Por isso, caso você conheça alguém com os sintomas citados durante o texto, ou seja essa pessoa que se identificou, procure ajuda médica e psicológica.
Caso tenha gostado deste artigo, leia também: “Como combater o hábito de comer por estresse?”.
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Autor: psicologa Regina Gomes Frossard - CRP 04/14190Formação: A psicóloga Regina Gomes Frossard é formada em Psicologia e atualmente atua na área clínica com atendimento psicológico particular individual, de casais e terapias em grupo.