Espero que você goste desse artigo. Se você quiser, conheça os psicólogos que fazem terapia online. Autor: Alexandre Andrade Leite - Psicólogo CRP 06/152174
Sobreviventes de trauma diagnosticados com Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) podem ter dificuldades para se relacionar com familiares, amigos e cônjuges. Por isso, os psicólogos concordam: o TEPT afeta os relacionamentos.
Os sintomas dessa condição podem causar problemas na comunicação, confiança e intimidade, os quais, por sua vez, afetam o modo como a pessoa com TEPT se relaciona consigo mesma e com terceiros.
Assim, a maneira como os entes queridos respondem aos efeitos do trauma também contribui para o fortalecimento ou a deterioração dos relacionamentos.
Psicólogos explicam que um esforço conjunto de ambas as partes é necessário para as famílias, grupos de amigos e cônjuges afetados pelo trauma conseguirem lidar bem com essa situação.
Entretanto, chegar nesse cenário não é uma tarefa simples.
Como o TEPT afeta as pessoas?
Um trauma é formado quando um indivíduo não consegue ou não possui os recursos emocionais necessários para responder a uma situação altamente estressante.
Por isso, grande parte deles ocorre na infância.
Uma experiência traumática pode ser uma situação de violência, como agressão ou violação sexual; negligência dos pais na infância; acidentes e situações que fogem ao controle, como desastres naturais; e outras experiências negativas marcantes.
Assim, os sintomas do TEPT transformam o comportamento, pensamentos e sentimentos das pessoas com esse diagnóstico.
Nas primeiras semanas ou meses após o evento traumático, sobreviventes podem ser tomados pela raiva, preocupação, estresse e a constante sensação de desprendimento, similar a dissociação.
A pessoa com TEPT pode sentir que existe uma barreira entre ela e os seus entes queridos, bem como entre ela e o restante do mundo.
E, não importa o que ela faça, não consegue quebrar essa barreira. Isso leva a sentimentos de inutilidade, não pertencimento e apatia.
Outro fator importante dessa condição é o flashback.
As memórias do trauma podem retornar à mente subitamente ou a partir de gatilhos, levando a pessoa a acreditar que está vivendo a situação traumática novamente.
Normalmente, quando o flashback acaba, ela não consegue se lembrar da memória, dificultando o processo de cura do trauma.
Como o TEPT afeta os relacionamentos?
O transtorno de estresse pós-traumático traz uma série de desafios para os relacionamentos interpessoais, principalmente para as relações mais íntimas.
Esta é uma questão complexa, dado que a pessoa com TEPT também sofre com os sintomas da condição e, mesmo que esteja em tratamento, ainda pode ter dificuldade para administrar as suas emoções e os sintomas.
Sendo assim, não há culpados nessa situação.
Tanto a pessoa com TEPT quanto os seus entes queridos sofrem com as consequências do trauma e podem trabalhar juntos para desenvolver respostas saudáveis a ele.
Para entender como essa condição afeta os relacionamentos e determinar por onde começar a remediar laços afetivos, separamos seis consequências abaixo.
Raiva
A pessoa com TEPT pode ter súbitos acesos de raiva ou viver sob uma nuvem de irritabilidade constante.
Como ela tem dificuldade para regular as suas emoções, costuma perceber que teve reações exageradas somente depois.
Em alguns casos, esse padrão de comportamento raivoso pode levar a condutas abusivas, como gritar com um ente querido por ele ter uma opinião contrária ou ter atitudes extremas para disciplinar um filho.
Neste caso, é ideal quem convive com a pessoa incentivá-la a buscar atendimento psicológico.
Isolamento
Um dos sintomas do TEPT é a propensão ao autoisolamento.
A pessoa opta por não participar de interações sociais e permanecer reclusa em seu canto por vários motivos: não tem interesse no convívio social, sente que é incompreendida, não tem interesse em atividades que antes gostava e sente necessidade de se proteger emocionalmente.
Desse modo, pode ser trabalhoso se aproximar da pessoa com TEPT e ter conversas honestas sobre o que ela está sentindo ou passando.
Para os relacionamentos afetivos, o distanciamento emocional pode ser especialmente difícil de lidar.
Interpretações equivocadas
Eventos traumáticos podem moldar a maneira como as pessoas enxergam o mundo.
Quase sempre quem viveu um trauma vê o mundo através de uma ótica pessimista porque, no fundo, esses indivíduos esperam a mesma situação ou uma situação semelhante se repetir.
Por conta disso, tem dificuldade para confiar nas pessoas e aproveitar experiências inofensivas.
Infelizmente, essa visão de mundo acaba afetando como um sobrevivente vê a si mesmo e os seus entes queridos.
A pessoa com TEPT tende a ter baixa autoestima e não se achar merecedora de atos de bondade, por isso, responde com agressividade ou incredulidade a afeição de terceiros.
A divergência de interpretações das situações e dos laços afetivos pode acabar afastando a pessoa com TEPT dos seus entes queridos.
Ansiedade
A ansiedade é um dos sintomas mais predominantes do transtorno de estresse pós-traumático.
Relaxar, para a pessoa com essa condição, acaba se tornando uma tarefa quase impossível.
Ela vive diariamente sob pressão, com medo de encontrar gatilhos emocionais e lutando contra memórias desagradáveis do trauma.
Entre os sintomas da ansiedade estão a preocupação excessiva, os distúrbios do sono, a desregulação do apetite, os medos irracionais, entre outros.
Quando esses sintomas estão descontrolados, eles afetam todas as esferas da vida do indivíduo.
Os entes queridos, como observadores, podem não saber o que fazer para ajudar.
Comportamento esquivo
O comportamento esquivo é semelhante ao isolamento.
A diferença é que a pessoa com TEPT evita ativamente situações, lugares e pessoas para não correr o risco de encontrar gatilhos emocionais.
No isolamento, ela o faz por conta da apatia e falta de vontade.
Os gatilhos emocionais podem lembrar a pessoa do trauma, desencadeando crises de pânico, estresse e ansiedade.
Então, o comportamento esquivo é um mecanismo de proteção da psiquê.
Ele pode se manifestar nas condutas mais simples, como na recusa de um convite para ir ao cinema ou na repentina mudança de assunto.
O comportamento esquivo também se estende às emoções.
A pessoa com TEPT evita lidar com elas, agravando a raiva, frustração, medo, tristeza e outras emoções as quais ela se recusa a conceder a devida atenção para não sofrer.
Comunicação
Todas as consequências anteriores culminam na dificuldade de comunicação.
A pessoa com TEPT muitas vezes não consegue se expressar direito, apesar de desejar fazê-lo.
O medo de não ser compreendido ou de despertar emoções negativas pode levá-la ao silêncio.
Os entes queridos também possuem dificuldade para encontrar maneiras eficazes de se comunicar com ela.
Existe algo a dizer além de conselhos e palavras motivacionais vazias?
O distanciamento afetivo e físico, os conflitos e as dúvidas acerca da longevidade do relacionamento são alguns dos resultados da ausência de comunicação eficiente.
Uma das soluções para esse problema é a terapia.
Pode ser mais fácil para a família ou o casal conversar entre si com a mediação de um psicólogo, que faz o direcionamento para a raiz do problema.
Como ajudar alguém com TEPT e melhorar o relacionamento?
Relacionamentos e redes de apoio são partes importantes do processo de recuperação do transtorno de estresse pós-traumático, bem como outras condições de saúde mental e física.
Afinal, o apoio e o carinho das pessoas amadas são sempre bem-vindos em momentos de adversidade.
Entretanto, quando você ou o outro está irritado e deprimido, a convivência diária se transforma em um grande desafio.
O segredo para não incitar brigas e desentendimentos é ter paciência e empatia.
Coloque-se no lugar do ente querido com TEPT para entender como ele deve se sentir, como é difícil para ele lidar com as memórias do trauma e os sintomas da sua condição ao mesmo tempo.
Essa reflexão vai ajudá-lo a ter mais paciência quando ele tiver comportamentos que você não entende.
Entre as atitudes que você pode tomar para ajudar alguém que passou por um trauma, estão:
- Encorajar a pessoa querida a buscar ajuda profissional;
- Estudar sobre TEPT para entender como ele afeta o comportamento do ente querido;
- Aprender maneiras eficientes de responder a flashbacks, como técnicas de respiração, para ajudar o cônjuge ou familiar a passar por essa experiência;
- Permitir que a pessoa com TEPT tome decisões que considera favoráveis para o seu bem-estar emocional. Às vezes, você vai precisar fazer escolhas por ela, mas, quando esse cuidado não for necessário, respeite as suas decisões;
- Ser um bom ouvinte. Se o ente querido falar sobre coisas que são difíceis de escutar, mantenha uma reação neutra e ofereça apoio. Depois, quando estiver sozinho, se permita sentir as emoções negativas;
- Procurar terapia. Quem convive ou precisa cuidar de pessoas com alguma condição de saúde também precisa praticar o autocuidado.
Caso contrário, a atenção dedicada ao outro pode se tornar um peso. Tenha em mente que você precisa estar bem para cuidar dos outros.
Psicólogos para Transtorno de Estresse Pós Traumático (TEPT)
Conheça os psicólogos que atendem casos de Transtorno de Estresse Pós Traumático (TEPT) no formato de terapia online por videochamanda:
-
Ilcemar de Oliveira
Consultas presenciais
Consultas por vídeoO Psicólogo Ilcemar de Oliveira é especialista em psicopatologia na abordagem psicanalista. Atua há alguns anos exclusivamente com atendimentos clínicos, utilizando principalmente a Psicoterapia Breve e a Psicodinâmica Psicanalítica.
Valor R$ 120
próximo horário:
23/nov. às 11:00hs -
Geraldine Ferreira
Consultas presenciais
Consultas por vídeoA psicóloga Geraldine Medeiros Ferreira é graduada em Psicologia pela FUMEC, com pós-graduação e especialização em Psicanálise pela Universidade Federal de MG.
Valor R$ 190
próximo horário:
21/nov. às 11:00hs
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Autor: psicologo Alexandre Andrade Leite - CRP 06/152174Formação: Formado em Psicologia pela Universidade Nove De Julho, realizou estágios focados em clínica psicológica, tanto voltada para linha Psicanalítica como para a linha Comportamental.