Espero que você goste desse artigo. Se você quiser, conheça os psicólogos que fazem terapia online. Autor: Camila Maria Felipe Vega - Psicólogo CRP 04/40773
O luto é um sentimento de sofrimento, que ocorre depois de algum tipo de perda. A maior dificuldade de quem se encontra passando por essa situação, é como lidar com o luto.
Diversos sentimentos podem ocorrer em pessoas que estão em processo de luto, embora exista a certeza do final da vida.
O assunto pode até mesmo ser um tabu, evitado por muitas pessoas simplesmente pela sensação agoniante que é causada quando se pensa em perder algum ente querido.
Não há quem nos ensine como lidar com o luto, pois, afinal, não existe uma fórmula mágica.
No entanto, é importante que exista um certo direcionamento para que o processo de luto seja menos doloroso.
Por isso, neste artigo, vamos te explicar tudo sobre o tema, como a sua definição, os sintomas mais comuns, os estágios, e formas de lidar com o luto.
Acompanhe a leitura!
O que é o luto
O luto é também descrito como uma reação intensa a grandes perdas. É uma experiência muito particular e vivida de forma diferente por cada pessoa.
Não há exatamente um prazo para o luto acabar. As pessoas podem carregar a dor da perda, em menos ou mais intensidade, por anos.
Indivíduos que não são “bem entendidos” com a própria mortalidade e o conceito de morte costumam sofrer mais.
Além da tristeza e da saudade que resultam da morte de alguém amado, ainda precisam lidar com os questionamentos sobre o fim da vida.
No momento delicado que segue a partida, pode ser muito para administrarem de uma vez.
Como as perguntas acerca da morte acabam ficando sem resposta definida, as pessoas se apoiam nas crenças, nos sentimentos e no amor.
Portanto, para passar pelo luto de forma emocionalmente sadia, é essencial saber gerir as suas emoções.
Quais são os principais sinais emocionais de luto?
Existem alguns sinais emocionais do luto, como a tristeza, a culpa e a ansiedade.
No entanto, vale lembrar que algumas pessoas podem sentir sintomas físicos, como palpitações, náusea, sudorese, fadiga, insônia, falta de apetite, baixa imunidade e até mesmo dores.
Por sua vez, abaixo citaremos os principais sintomas emocionais do luto:
Instabilidade emocional
A instabilidade emocional é um sentimento comum do luto, pois é um momento conflituoso, onde se sente muita tristeza e estresse para entender a perda, e até mesmo a saudade.
Por isso, é comum que pessoas apresentem episódios de instabilidade emocional, logo que trata-se de uma condição que causa certa confusão e pensamentos nada agradáveis, que podem surgir a todo momento.
Tristeza
A tristeza é um dos principais sentimentos que o luto causa. É preciso primeiramente, entender que se trata de um sentimento comum e que é sempre certo de que pode acontecer.
Não ter mais a presença física de alguma pessoa é doloroso e causa tristeza, que pode ser leve ou bastante profunda.
Choque
O choque é uma sensação que pode ocorrer logo quando a pessoa recebe a notícia da perda. Ela ocorre, pois é difícil conciliar que uma pessoa que esteve viva por algum tempo, partilhando experiências, não estará mais por aqui.
Geralmente, a pessoa pode não acreditar que alguém se foi, porque entende que a situação sugere um rompimento muito abrupto.
Culpa
A culpa é um sentimento comum de quem lida com o luto, já que é comum que se pense que existiam algumas alternativas para que aquela pessoa não pudesse ter ido embora.
Esse sentimento não é único de situações como doenças graves, mas também ocorre em situações mais inesperadas, como acidentes.
Ansiedade
A ansiedade no luto pode ocorrer por diversos fatores, como por exemplo, quando há uma associação da morte de um ente querido, com as suas causas.
Assim, algumas pessoas acabam evitando as causas, manifestando a sua preocupação excessiva por meio da ansiedade.
Esse sentimento também pode surgir, por exemplo, no luto do fim de um relacionamento. Quem está sofrendo com a perda pode acreditar que nunca dará certo em uma relação, e então sofrer de ansiedade ao tentar manter vínculos afetivos com alguém.
Raiva
A raiva é um sentimento menos comum, mas que também pode ocorrer em diversas situações de luto.
Dependendo do que aconteceu, uma pessoa em luto pode sentir raiva de alguém que faleceu, ou de um ex-companheiro, por exemplo.
Cinco estágios do luto
Alguns psicólogos classificam as reações ao luto em cinco categorias, que são descritas como “estágios”.
Embora não formem um sistema 100% exato, são utilizados como referência para identificar a reação ao luto.
A forma como as pessoas passam por cada um deles pode variar. Algumas podem se identificar mais com os estágios 2 ou 3 enquanto outras se vêem nos 4 e 5.
A reação depende muito da bagagem histórica, emocional e cultural das pessoas.
Confira-os abaixo:
1. Negação
A negação é sem dúvidas a reação mais comum entre os indivíduos que perdem uma pessoa amada.
É uma fase de não assimilação da realidade ou de choque. É comum os psicólogos ouvirem “ainda não parece verdade” quando a pessoa em luto expressa seus sentimentos sobre a perda. Essa sensação pode perdurar por semanas, meses e até anos.
A morte retira o ente querido da vida deles, deixando em seu lugar uma sensação de vazio e de silêncio. Viver sem a presença daquele alguém especial pode ser doloroso demais, por isso a tendência é entrar em negação.
2. Raiva
Em seguida, vem a raiva.
Raiva por ter perdido a pessoa amada ou por ela ter sido “tirada” do indivíduo, como se alguém fosse o responsável pela morte dela.
A raiva pode ser direcionada aos médicos, familiares, amigos ou até mesmo para si próprio. É comum haver explosões de raiva e pensamentos irracionais sobre os culpados da morte da pessoa.
A raiva pode ser passageira ou persistir por tempo indeterminado. Nesse caso, pode afetar os relacionamentos já existentes do indivíduo bem como dificultar a construção de novos.
Hábitos autodestrutivos, como alcoolismo e abuso de substâncias, também podem ser desenvolvidos como maneiras de aliviar a raiva.
É importante que os amigos e familiares estejam presentes para que a pessoa raivosa não se coloque em situações de risco.
3. Negociação ou barganha
Esse estágio se manifesta na forma de questionamentos. “E se eu tivesse feito isso…?”, “E se eu pudesse fazer isso…?” e “Se eu tivesse tomado determinada atitude, a pessoa poderia estar viva!” são exemplos de negociações.
É uma espécie de barganha com o sobrenatural para reverter o passado.
Também é notada em casos de doenças graves. Os parentes, sentindo-se impotentes, negociam para tentar salvar a vida do ente querido.
A própria pessoa doente pode fazer promessas para ela mesma ou para entidades religiosas de ter comportamentos melhores se for curada.
Esse estágio é mais forte em pessoas que acompanham alguém próximo passar por uma doença.
Quando acontece a morte, as negociações se mostram inúteis e podem dar início ao processo de luto.
4. Depressão
A dor e a tristeza são tão intensas que a pessoa sente sintomas semelhantes aos da depressão ou, ainda, pode desenvolver uma.
Esse estágio pode requerer o acompanhamento de um psicólogo. Esse, por sua vez, não faz a cura do luto. Afinal, ele não é uma patologia.
A psicoterapia ajuda a pessoa que sofre a viver o luto de forma menos doentia para o seu emocional e psicológico.
Não é saudável ignorar ou tentar silenciar as emoções sentidas durante o processo de superação da morte. Apesar de ser difícil, o recomendado é abraçá-las para que deixem de ser dominadoras.
Caso contrário, pode-se mergulhar em um estado de profunda tristeza e sensibilidade emocional, tornando a retomada à vida diária mais lenta.
5. Aceitação
O último estágio é, por fim, a aceitação da situação.
Os sentimentos deixam de bloquear a noção da morte e a perspectiva da vida sem a presença da pessoa amada. Obviamente, a memória dela não será apagada – e nem deve!
É importante relembrar os que já partiram com amor e, se possível, com bom humor.
As suas boas ações, traços marcantes da personalidade e situações agradáveis vividas em conjunto são mais gostosas de serem guardadas do que o lado negativo, o qual já não importa mais.
A aceitação traz tanto paz de espírito para quem ficou quanto um grande aprendizado sobre a finitude da vida.
É neste estágio que a pessoa consegue concentrar-se novamente no presente e viver a sua vida.
Como lidar com o luto
Mesmo tendo a tristeza como característica principal, o luto pode ser saudável.
Ele é uma reação natural das pessoas à morte e deve ser sentido, até certo ponto, para que elas encontrem o alívio ocasionado pela aceitação.
Para evitar ceder à estagnação em algum dos cinco estágios do luto, é importante resistir ao desejo de reclusão.
É natural querer passar alguns momentos sozinho para sentir-se triste na privacidade do próprio lar. Esse período de introspecção é necessário para o entendimento da perda.
Porém, manter-se isolado das pessoas (e da vida) por um longo período não é a postura mais adequada.
Os amigos e a família devem estar perto para ajudar na superação do luto. Compartilhar a experiência pode aliviar os sentimentos.
Hoje, para ajudar, existem grupos de apoio presenciais e virtuais justamente para falar sobre assuntos como esse com pessoas que passaram pela mesma situação.
As emoções precisam ser colocadas para fora através do diálogo, de atividades prazerosas, de exercícios físicos, da palavra escrita ou da terapia. A sua repressão pode ocasionar condições mentais graves.
Abaixo, confira algumas dicas de como lidar com o luto:
Lembre-se da pessoa com carinho
A saudade é tanta que o desejo de afastar as memórias pode ser forte nos primeiros dias ou semanas.
No entanto, procure substituí-lo pelo desejo de lembrar somente do que foi realmente importante para você ou para ambos. Guarde os momentos bons no coração.
Apesar de a morte ser vista como terrível e devastadora no Brasil, é possível aliviar essas perspectivas negativas com lembranças calorosas do falecido.
Se possível, converse com outros sobre o que você gostava na pessoa querida e compartilhe histórias engraçadas.
Aos poucos, retorne à rotina
Ficar acuado no quarto apenas aumenta as chances de uma patologia grave se instalar em você e causar ainda mais sofrimento.
Não é preciso retornar ao trabalho ou ao mesmo ritmo de vida de imediato. Pode levar meses para que você se sinta capaz de viver da maneira como vivia previamente.
Todavia, não lute contra a vida. Se esforce para realizar pequenas tarefas diariamente para sentir novamente a sensação de controle sobre a sua existência.
Se sentir vontade de aceitar convites de saídas com amigos e colegas de trabalho, o faça. Afinal, você pode voltar para casa mais cedo se não se sentir bem no local.
Não se sinta culpado por querer viver de forma semelhante a do passado.
Aceite os seus sentimentos
A saudade de quem partiu vai se manifestar de diversas formas ao longo da vida.
Um cheiro, uma música, uma experiência, um gosto – tudo é capaz de despertar lembranças.
Você provavelmente sentirá vontade de chorar ou ficará triste, especialmente próximo ao aniversário da morte da pessoa.
Permita-se viver esses sentimentos. Diga a si mesmo que são seus e, naquele momento, você os sentirá. Aproveite para matar a saudade do ente querido através deles, mas não se entregue totalmente.
Se estiver com dificuldade para lidar com o luto, busque ajuda profissional para aprender a digerir e administrar dores emocionais intensas.
Rodeie-se de pessoas importantes
As pessoas importantes de sua vida precisam estar com você, pois esse tipo de apoio pode ser muito eficaz na superação desse estado emocional.
Não deixe de conversar sobre a sua angústia, e quaisquer outros sentimentos que estejam fazendo parte desse processo de luto.
Conte com familiares que aparentemente estão lidando melhor, bem como com companheiros e os amigos mais próximos.
É importante lembrar que, embora algumas pessoas não estejam ligadas diretamente com a sua perda, nunca será um fardo trazer o que se sente.
Você será acolhido, pois é um processo de sofrimento que todos estão vulneráveis a passar.
Cuide da saúde mental
A saúde mental pode ser altamente abalada quando se está lidando com o luto. Como já dito nos tópicos anteriores, trata-se de um processo que causa sofrimento, tristeza, raiva, culpa e estresse.
Caso a situação comece a impactar no seu cotidiano por mais tempo do que o comum, se ela alterar a sua percepção, e também se ela causar algum tipo de mudança física e psicológica intensa, é preciso ficar alerta quanto à sua saúde.
Por isso, é preciso contar com diversos mecanismos que favorecem a saúde mental, como:
- alimentação saudável: a alimentação saudável pode fornecer nutrientes que são importantes para o bom funcionamento do organismo, impactando assim a psique;
- sono de qualidade: investir em um bom sono é fundamental para que o corpo funcione em seu melhor estado. Busque por uma boa cama, bons travesseiros, menor exposição à luz branca pela noite, e em casos mais graves, o uso de medicamentos naturais, químicos ou até mesmo consultas neurológicas e psiquiátricas;
- prática de exercícios físicos: os exercícios físicos podem contribuir para uma boa saúde física e mental. Eles melhoram a circulação sanguínea, a oxigenação, e até mesmo produzem hormônios relacionados com o bem-estar;
- meditação: a meditação é uma prática que pode acalmar a mente e o corpo, trazendo assim uma sensação de tranquilidade. Além disso, ela também estimula uma boa respiração, reduzindo estresse e ansiedade mais leve;
- arteterapia: a arteterapia é uma prática terapêutica alternativa, que tem como objetivo estimular o autoconhecimento, a autoestima e a tranquilidade, por meio da produção de arte;
- aromaterapia: a aromaterapia é mais uma prática natural, que utiliza óleos essenciais para estimular o funcionamento de funções cerebrais.
Por fim, a psicoterapia pode ser destacada por oferecer um dos melhores resultados em relação ao alcance de estabilidade no processo de luto.
E se o luto não passar?
O luto, por sua característica principal de um grande sofrimento após uma perda, é um sentimento que deve passar com alguns esforços.
No entanto, vale ressaltar que existe uma diferença do luto entre o sentimento de tristeza, saudade e culpa relacionados à uma perda.
Estes sentimentos podem acompanhar os indivíduos por toda a vida, mas a tendência é que eles continuem em uma intensidade muito menor.
É importante então, entender como lidar com o luto e esses sentimentos, para que a vida seja levada à frente, sem tantos remorsos.
Contudo, caso o sentimento de luto ainda intenso continue acontecendo depois de muito tempo da perda, é o momento para buscar ajuda profissional.
Isso porque é até mesmo perigoso o estado de sofrimento, logo que ele pode causar problemas psíquicos até mais graves.
Além disso, o luto durante muito tempo pode fazer com que as pessoas não consigam levar a sua rotina adiante.
Por esse motivo, buscar ajuda psicológica, sobretudo, é fundamental.
Entenda, no tópico abaixo, como a psicoterapia pode ajudar pessoas enlutadas:
Como a psicoterapia pode ajudar você a lidar com o luto?
A psicoterapia ajuda o paciente a lidar com o luto, principalmente, abrindo um espaço para que ele fale e sinta todos os sentimentos desse estado.
Diante disso, o psicólogo deve orientar que os sentimentos existem, e que devem ser sentidos. Além disso, ele dará o direcionamento sobre como lidar com esses sentimentos.
A psicoterapia para pacientes que se encontram em luto intenso por bastante tempo, também conhecido como luto patológico, busca também abrir um espaço para que o indivíduo se expresse a respeito dos sentimentos.
Além disso, as sessões buscam ajudar o paciente na retomada de sua vida cotidiana, ressaltando a importância disso ser feito.
Cabe frisar que os psicólogos são especialistas que entendem como tratar cada quadro de luto, que é especial para cada pessoa.
Nunca haverá uma pressão acerca de uma superação mais rápida, mas sim um entendimento sobre o que acontece, e a geração de formas para lidar com isso, que são resultadas em diálogos entre profissional e paciente.
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Conclusão
Lidar com o luto é, de fato, um processo, que passa por fases específicas. De todo modo, trata-se de uma condição que é sentida diferentemente por cada pessoa.
Os sintomas e o tempo de duração são únicos.
Contudo, caso os sintomas se agravem, afetando negativamente o cotidiano da pessoa enlutada, é preciso que este procure ajuda profissional.
Caso tenha gostado deste artigo, leia também: “Psicólogo e Psiquiatra: quais as diferenças e quando procurar?”.
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Autor: psicologa Camila Maria Felipe Vega - CRP 04/40773Formação: A psicóloga Camila Vega é Mestre em psicologia pela PUC Minas. É Pós-Graduada em Terapias Cognitivo Comportamentais (PUC RS), em Neuropsicologia (Instituto Israelita Albert Einstein-SP), bem como em Psicopedagogia (Centro Universitario Unibh).