Psicologia Existencial: o que é e para quem é indicada

Psicologia Existencial: o que é e para quem é indicada

Existem muitas definições para a psicologia existencial. Uma delas diz respeito à busca por significados dentro de todos os aspectos da experiência humana. É a procura pela compreensão dos indivíduos através da compreensão de seus mundos pessoais e dos elementos que dão sentido às suas existências. Conheça tudo sobre Psicologia Existencial.

ÍNDICE

O que é Psicologia Existencial

Esta abordagem psicoterapêutica visa ajudar o paciente a encontrar e a viver a sua autenticidade. O paciente é encorajado a encontrar a si mesmo em um mundo construído a partir de pressões sociais e influências do ambiente externo e de pessoas alheias as suas convicções.

Os psicólogos que praticam a psicologia existencial precisam adentrar no mundo dos pacientes para compreendê-los. Experiências de vida, objetivos e relacionamentos interpessoais são considerados para fazer a análise da individualidade do paciente. Ao mesmo tempo, o psicólogo o vê como mais do que a soma de suas partes.

O senso de propósito e significado é o maior influenciador do bem-estar, saúde mental, conduta, formas de expressão, tomada de decisões, entre outros aspectos, da vida do indivíduo. A depressão e a ansiedade podem estar associadas à confusão ou a dúvida acerca do propósito da existência. Logo, a psicologia existencial apresenta grande foco na condição humana como um todo.

Principais aspectos abordados

Nesse contexto, a psicologia existencial aborda diversos elementos, os quais podem ser considerados pelo psicólogo de maneira unânime ou enveredada. Por exemplo, um profissional pode concentrar-se em um ou mais aspectos dessa abordagem mais que outros em vez de abraçar a todos.

Além do sentido da existência, a psicoterapia existencial também enfatiza a superação de dilemas, tensões, paradoxos e desafios de vida; inspira o indivíduo a viver o modo de vida desejado; promove o encontro consigo mesmo ou, em outras palavras, o autoconhecimento que emancipa para viver a liberdade de expressão e de escolha; e o guia para aceitar a autoconsciência.

O ser que aceita a si mesmo é mais autêntico e verdadeiro.

Ele é o centro de sua própria existência, usufruindo de toda a capacidade de seu livre arbítrio para construir a vida desejada. As suas escolhas expressam quem ele é e qual seu propósito de vida. Esse ser não é um observador passivo, mas, sim, o observado.

A psicologia existencial, então, incentiva o protagonismo do paciente para que ele defina a sua forma de “estar presente” no mundo conforme as suas próprias expectativas e convicções. Não se trata de estimular o egoísmo das pessoas, mas de restaurar a conexão com o verdadeiro “eu”. 

Compreender o que realmente importa para nós como indivíduos, além da influência de terceiros e da sociedade em que vivemos, traz esclarecimento. Também pode ajudar a responder perguntas mais complexas, como “Quais crenças são essenciais para você?” e “O que você gostaria de dizer que conquistou quando chegar ao fim da vida?”.

Como surgiu a Psicologia Existencial

A psicologia existencial é composta por conceitos filosóficos responsáveis por criar e estimular a discussão sobre o propósito da existência de cada indivíduo. 

O filósofo dinamarquês, Soren Kierkegaard (1813 – 1855) é conhecido como o fundador do existencialismo. Ele modificou as palavras de outro filósofo importante, René Descartes, para expressar o seu posicionamento. Em vez de “Penso, logo existo”, Soren acreditava que “Existo, logo penso”.

Porém, o existencialismo só começou a ser praticado como psicoterapia no fim de 1959, após a realização do Simpósio de Psicologia Existencial e Psicoterapia nos Estados Unidos.

A partir de então, psicólogos praticantes dessa abordagem passaram a afirmar que para entender o paciente é preciso compreender, primeiro, como ele existe. Por conta desse caráter mais filosófico, a psicologia existencial tente a explorar conceitos diferenciados das demais abordagens psicológicas.

Como, por exemplo, o conceito de que a ansiedade frequentemente nasce de quatro elementos existenciais: isolamento, falta de significado, liberdade e mortalidade/morte. Para poderem prosseguir com suas jornadas existenciais, as pessoas precisam enfrentá-los (ou, pelo menos, enfrentar os seus significados) em algum momento da vida.

O desconhecimento, a incerteza e o medo associados a esses quatro elementos resultam na ansiedade e na perturbação da saúde mental. Dessa forma, para evitar o sofrimento psicológico e emocional, as pessoas precisam aceitá-los como componentes da existência humana e aprender a conviver com eles.

Para quem é indicado

Essa psicoterapia pode beneficiar pacientes que sofrem com uma crise existencial ou quem acredita não ter identidade definida. Em outras palavras, pessoas em constante busca pelo seu verdadeiro “eu” podem encontrar respostas durante as consultas com o psicólogo existencialista.

A busca pelo “eu” pode envolver incertezas sobre trabalho ou carreira, família, graduação, escolhas, relacionamento, sexualidade, crenças, traços da personalidade e pensamentos.

Pessoas que não conseguem seguir com suas vidas após um acontecimento traumático ou que se sentem perdidas também são candidatos a pacientes da psicoterapia existencial.

O sentimento de inadequação é muito comum em todos os cantos do mundo. Múltiplos indivíduos relatam não saber qual direção seguir.

Por conta das dúvidas constantes, tomam decisões inadequadas. Das consequências indesejadas de suas escolhas, nascem a culpa e a sensação de estar perdendo tempo, o que atrasa o processo de autodescobrimento.

Frustrados, alguns seres aceitam modos de vida indesejados por acreditarem já não ter mais o luxo de escolher. Afinal, são “perdidos”, “desencontrados”. Já outros desistem da busca por completo e sucumbem às condições prejudiciais para a saúde mental, como a depressão, ou a vícios, como abuso de substâncias.

Pessoas que vivenciam as experiências acima, em especial, podem se beneficiar muito da psicoterapia oriunda da psicologia existencial. Conseguem encontrar um rumo para suas vidas e, ainda, adquirir um conhecimento aprofundado de si mesmas.  

Benefícios da Psicologia Existencial

A psicoterapia existencial utiliza de uma variedade de abordagens, mas os elementos principais são a liberdade e a responsabilidade.

Psicólogos ajudam pacientes a encontrarem um propósito para as suas existências ao encorajarem a autorresponsabilidade. Agir, pensar e falar com responsabilidade combate a ansiedade proveniente da dúvida e da incapacidade de sentir-se bem na própria pele.

Além disso, padrões de pensamentos negativos são identificados e tratados para que padrões positivos possam ser formados. O estímulo à criatividade, amor, autenticidade e liberdade ajudam o paciente a mover-se em direção a transformação do seu “eu”.

Similarmente, em casos de vícios e compulsões, o psicólogo incita o paciente a tomar responsabilidade pela sua necessidade de alimentar determinado vício. Assim, ele percebe que é o único responsável por conquistar o seu bem-estar no dia a dia. Fatores externos e pressões de entes queridos deixam de influenciá-lo. 

Em síntese, as vantagens da psicologia existencial são:

• Promoção da autonomia e responsabilidade pelos atos e escolhas;
• Compreensão dos desafios pessoais e do seu papel em resolvê-los;
• Reconhecimento do poder de mudança para modificar a sua existência;
• Definição do propósito de vida;
• Elevação da autoconfiança. Uma vez que o indivíduo entende que é responsável por sua existência, ele obtém mais confiança para fazer mudanças, decidindo quais emoções devem consumir a sua energia e quais devem ser ignoradas;
• Suavização das crises existenciais;
• Compreensão dos aspectos internos e externos que influenciam a sua existência, como aspectos sociais, culturais e políticos da sociedade;
• Construção da autoconsciência dos padrões de comportamento e pensamento que nutrem sentimentos negativos e geram conflitos; e
• Estabelecimento do caminho a ser seguido pelo paciente em direção ao futuro desejado.

Quando procurar a psicologia existencial

O sofrimento não precisa existir para que alguém busque a psicoterapia existencial.

Se você estiver à procura de esclarecimentos para questões existenciais, pode procurar um psicólogo existencial. Vale ressaltar que essas questões podem estar ou não relacionadas a você, ao mundo, às pessoas ou à sociedade.

Fazer o enfrentamento da solidão e da dúvida derivadas da sensação de vazio existencial também é um dos motivos pelos quais as pessoas buscam essa abordagem. Na terapia, você compreenderá o porquê de certas questões causaram tanta angústia a você e, ainda, como lidar com elas.

Como o paciente da psicoterapia existencial adquire uma visão ampla da sua existência, incluindo o mecanismo por trás de influenciadores internos e externos, ele pode alcançar um estado de tranquilidade interior.

Ele passa a aceitar que certos eventos acontecem porque são parte da vida. O que realmente importa e define como seremos afetados é como reagimos a eles. Essa concepção pode conceder mais liberdade ao indivíduo, que deixa de se sentir prisioneiro de suas emoções e erros cometidos no passado.

Se você se identificou com os temas abordados por essa abordagem psicológica, vale a pena procurar por um psicólogo que atenda nessa linha psicoterapêutica.