Espero que você goste desse artigo. Se você quiser, conheça os psicólogos que fazem terapia online. Autor: Adriana Rocco Deiques - Psicólogo CRP 07/08675
Muito se fala em autossabotagem. Considerada uma das principais inimigas dos profissionais e empresários, ela dificulta o encontro com o tão desejado sucesso ou, pelo menos, com a realização de objetivos pessoais e profissionais.
Embora seja um comportamento extremamente angustiante para quem o pratica, é muito comum e difícil de ser contornado.
Quando manifestada de modo generalizado, a necessidade de se autossabotar pode afetar esferas da vida que vão além do profissional, como o relacionamento e a vida social.
O que é autossabotagem?
A autossabotagem acontece quando ativamente ou inconscientemente trabalhamos para “nos atrapalhar”.
O mecanismo autossabotador funciona mais ou menos assim: você possui um objetivo que deseja muito realizar, mas, quando se depara com possibilidades de chegar mais perto dele, não consegue aproveitá-las.
Em vez disso, você toma o caminho contrário e encontra dificuldades para tornar a sua trajetória mais complicada.
A postura autossabotadora causa muita frustração no dia a dia.
Ainda assim, existem muitos motivos que levam as pessoas a praticarem a autossabotagem, seja sempre ou ocasionalmente.
A maioria deles está associada à falta de confiança em si mesmo.
Grande parte das pessoas não tem consciência de que está se autossabotando.
Elas atribuem os seus fracassos a fatores externos, jogando a responsabilidade para terceiros ou para as circunstâncias dos acontecimentos, ou acreditam que simplesmente são incompetentes e não fazem nada direito.
Não saber a origem da autossabotagem é prejudicial, porque acaba com a autoestima das pessoas.
Por que nos autossabotamos?
A autossabotagem tem origem em nossas emoções, sentimentos e crenças negativas. Por conta disso, pode ser desafiador encontrar a motivação para esse comportamento.
A busca pode revelar verdades desgostosas sobre nós, nossas escolhas e nossas vidas, as quais são difíceis de aceitar.
Descobrir o porquê de você estar constantemente se autossabotando, no entanto, irá ajudá-lo a combater esse comportamento e resolver conflitos pessoais que trazem sofrimento para outras áreas da sua vida.
A psicoterapia pode ser útil nesse processo de autoconhecimento uma vez que essa investigação é feita com orientação do psicólogo e acolhimento emocional.
Abaixo, veja as razões mais comuns para a autossabotagem.
1. Falta de autoestima
A falta de autoestima é caracterizada por uma série de sentimentos e opiniões negativas em relação a si mesmo.
Quando não gostamos de nós mesmos, não conseguimos alcançar os nossos objetivos, seja lá quais forem. O amor-próprio é uma peça fundamental para o sucesso.
Pense bem. Se você diz a si mesmo constantemente que você não é inteligente, esforçado e talentoso, acaba agindo exatamente desse jeito.
O seu cérebro entende as suas palavras como reais, então como é possível se portar de outra maneira se não a que você acredita ser a verdadeira?
A maneira como falamos conosco e como nos enxergamos dita a forma como nos apresentamos ao mundo.
Quando você tem autoestima baixa, toma decisões para prevenir o alcance de seus objetivos e o desenvolvimento de seu potencial máximo.
A autossabotagem no relacionamento, por exemplo, pode estar te impedindo de viver a felicidade no amor.
O mesmo pode ocorrer na vida profissional e se manifestar de diferentes formas. Falaremos sobre isso mais a frente.
2. Medo do sucesso
Quando colocamos muito de nós mesmos em alguma coisa, sejam sentimentos, expectativas, horas de dedicação e esforço, o nosso sucesso pode se tornar um fator de estresse.
Pessoas com falta de autoestima normalmente sentem esse medo, afinal o que vai acontecer quando elas chegarem lá?
Quando se está no topo, as responsabilidades se multiplicam. Recebemos mais atenção e passamos a ser o alvo de expectativas.
Para algumas pessoas, esse comprometimento é assustador. E se elas não corresponderem ao que é esperado? E se elas acabarem decepcionando quem acreditou nelas?
Assim, buscam se autossabotar para limitar o seu sucesso.
Além da autoestima baixa, o medo do sucesso está associado à ansiedade. A pessoa ansiosa não se permite aproveitar o presente por temer o que o futuro reserva.
3. Desejo por controle
Há quem se sinta mais confortável e seguro quando está no controle das situações – ou, pelo menos, acredite estar nessa posição.
Qualquer ameaça à ordem pré-estabelecida por eles é capaz de desestruturá-los emocionalmente. Por isso, esses indivíduos podem se autossabotar para controlar o resultado de seus esforços.
É mais fácil se preparar para o fracasso quando se está ativamente tentando encontrá-lo, certo?
Você consegue se acostumar com a premissa de que tudo deu errado e administrar a frustração, raiva e tristeza com antecedência.
Deste modo, o sofrimento emocional por ter fracassado pode ser reduzido.
Essa postura evidencia uma dificuldade de lidar com a frustração.
Embora você não sofra as consequências emocionais de ter fracassado, certamente sofrerá com o fato de estar sempre um passo atrás dos demais e se arrependerá de não ter dado tudo de si.
4. Medo do fracasso
Assim como algumas pessoas temem o sucesso, há quem tenha medo de fracassar. O problema é que esse medo acaba aumentando as possibilidades de fracasso.
Isso acontece porque a pessoa que tenta ao máximo evitar o fracasso se recusa a aprender com ele.
Ela não analisa os seus erros para identificar o que pode ser feito diferente no futuro, chegando sempre à mesma conclusão.
Além disso, quando você teme o fracasso, raramente se esforça para conseguir alguma coisa.
A ideia de colocar tudo de si em um projeto e fracassar é tão angustiante que você prefere nem tentar.
É mais fácil (e agradável para o nosso ego) explicar que você falhou por “X” razões do que assumir que deu tudo de si e mesmo assim não atingiu os resultados esperados.
5. Transferência da responsabilidade
Quando colocamos na cabeça que vamos falhar em alguma coisa, criamos justificativas para tentar transferir a responsabilidade de nós mesmos e nos sentirmos melhor.
Por exemplo, você diz a si mesmo que não importa o que você faça, não conseguirá passar naquela entrevista de emprego que tanto deseja.
Isso se deve ao fato de você ser inexperiente, precisar estudar mais, não ter contatos úteis para ajudá-lo, entre outros.
Você já analisou a situação por um ponto de vista pessimista e disse a si mesmo que vai falhar, então pode culpar as circunstâncias da situação ou outros indivíduos.
Quais os tipos mais comuns de autossabotagem?
Como dissemos acima, a autossabotagem pode se manifestar de diferentes maneiras. Vamos ver as mais comuns.
Negação
A negação é um tipo de autossabotagem muito comum, no qual o indivíduo nega seus desejos para evitar o fracasso.
Lá no fundo a pessoa quer ter um bom relacionamento, quer ser promovida, quer realizar um sonho.
Mas seu pensamento está a todo momento negando esses sentimentos, negando que a pessoa é merecedora de tudo isso.
Ela vive um conflito dentro de si mesma e sua mente a sabota por meio da negação.
Procrastinação
Essa é bem famosa entre os autossabotadores e talvez seja a forma mais comum de autossabotagem.
A procrastinação acontece quando adiamos ou prolongamos uma situação que sabemos que temos que cumprir.
É o famoso “deixar para a última hora” mesmo tendo tempo para produzir determinada tarefa.
Nesse caso, se a tarefa não sair bem feita ou não for aquilo que esperavam de você, seu cérebro vai entender que só não ficou bem feito porque foi feito de última hora.
É uma forma de colocar a culpa em alguma outra coisa e não em você por algo ter dado errado.
A sensação de bem-estar proporcionada pela procrastinação é apenas imediata, ou seja, enquanto você não está produzindo, está assistindo um vídeo que gosta, vendo as redes sociais, etc.
Mas quando o prazo vai apertando, gera ansiedade, nervosismo e, claro, a sensação de culpa.
Vitimização
No processo de vitimização a pessoa assume um papel passivo frente a sua própria vida.
Ela não assume a responsabilidade das coisas e a projeta em outras pessoas. Então tudo o que acontece de ruim na vida dela ou no trabalho é culpa dos outros.
A vitimização é um tipo de autossabotagem na qual há imaturidade e desequilíbrio emocional para lidar com os problemas da vida.
A princípio, o vitimizador pode conquistar favores, simpatia e a pena de outras pessoas, mas à medida que esse papel se repete, pode afetar a forma como a pessoa é compreendida pelos outros.
Isso porque, muitas vezes, ela pode ser vista como oportunista por colegas de trabalho, por exemplo.
Medo
A máxima “se der medo, vai com medo mesmo” não é válida para os autossabotadores.
O medo provém de uma sensação de insegurança e faz parte de quem somos.
Entretanto, apesar de ser um mecanismo necessário para a adaptação do indivíduo ao meio em que vive, o medo pode atrapalhar sonhos e conquistas que queremos para a nossa vida.
Portanto, neste tipo de autossabotagem, o indivíduo deixa de fazer determinadas atividades que podem gerar melhorias na sua vida por medo de se arriscar e fracassar.
Como saber se estou praticando a autossabotagem?
Se você tem falhado múltiplas vezes em diferentes momentos da sua vida ou na trajetória para alcançar um único objetivo, tire um momento para refletir com sinceridade sobre o porquê de tantas dificuldades.
Uma vez que você conseguir determinar quais sentimentos estão por trás da sensação de estagnação em sua vida, você conseguirá combater a necessidade de se autossabotar.
Você pode se fazer as seguintes perguntas para ajudá-lo a compreender a sua situação:
- Eu estou evitando as minhas responsabilidades?
- Eu estou priorizando a gratificação instantânea no lugar do esforço pessoal e da disciplina?
- Eu estou focando em pensamentos autodepreciativos?
- Eu estou sempre procrastinando?
- Eu não estou priorizando o autocuidado?
- Eu fico ansioso diante da possibilidade de ter sucesso ou de fracassar?
- Eu não tenho obtido resultados satisfatórios ou positivos há meses?
- Eu tenho uma opinião negativa de mim mesmo?
- Eu mereço ser feliz?
- Eu acredito que não mereço o que possuo hoje?
Se você respondeu a maioria dos questionamentos de forma negativa, é provável que esteja se autossabotando sem perceber.
Como deixar de se autossabotar?
Como a autossabotagem possui raízes emocionais, é indicado tratá-la com a psicoterapia.
A sua falta de autoestima, medo de ter sucesso, dificuldade de estabelecer hábitos produtivos e temor do fracasso provavelmente surgiram de experiências de vida negativas.
Por exemplo, uma pessoa que passa por uma série de momentos desagradáveis consecutivamente, nos quais é recriminada e humilhada, acaba acreditando que merece aquele tipo de tratamento.
Ela começa a acreditar que é, de fato, inadequada, desajeitada, burra e, sobretudo, uma pessoa ruim.
Assim, deixa de correr atrás da sua própria felicidade e se autossabotar constantemente.
Outro exemplo bastante comum é: uma pessoa que cometeu um erro que gerou consequências graves pode ficar com medo de sofrer novamente no futuro.
Logo, ela se autossabota para diminuir as chances de encontrar a mesma situação outra vez.
Para modificar crenças que lhe impedem de alcançar seus objetivos e se autorrealizar é preciso compreender que a forma como você se vê determina a qualidade de suas experiências.
Ou seja, para se livrar da autossabotagem, é preciso nutrir uma autoimagem positiva que incite a autoconfiança e o amor-próprio.
Nós podemos modificar a nossa autoimagem sempre que desejarmos através do autoconhecimento, da inteligência emocional (que auxilia no controle das emoções) e da implantação de hábitos positivos (que ajudam a cuidar do nosso humor).
Como fazer isso sozinho é muitas vezes complicado, a psicoterapia pode ajudar nesse processo de autodescoberta.
Faça o que te faz feliz
Como vimos, um comportamento comum de autossabotagem emocional é deixar de fazer o que nos faz feliz, por medo de não ter sucesso, medo de fracassar, medo de se expor, etc.
Comece a pensar nas suas escolhas, se colocando como o próprio protagonista das suas ações e da sua vida.
Escolha se sentir bem e não pense no que os outros vão pensar. Faça com que as escolhas que te fazem felizes se tornem um hábito.
Para um autossabotador nato, essas escolhas nem sempre são fáceis e é necessário paciência para mudar hábitos, mas aos poucos é possível fazer isso!
Entenda suas motivações
Entender o que está por trás da autossabotagem é o primeiro passo para mudar esse hábito.
Muitas vezes, isso é uma coisa que você faz há anos e está relacionada a algum trauma, uma maneira de pensar que está enraizada na sua mente e na sua cultura.
A partir do momento que você vai entendendo esses motivos, fica mais fácil se libertar deles e buscar o exato oposto.
O objetivo é que antes de se autossabotar, você comece a pensar “opa, por que estou fazendo isso?”, passando a identificar os gatilhos que te movem a se autodiminuir.
Estabeleça objetivos
Estabeleça objetivos para chegar onde você quer, mas entenda que o fracasso é algo natural, comum e necessário.
Metas muito grandes são fáceis de não serem seguidas, por isso, quebre-a em pequenos “pedaços”, ou seja, faça objetivos menores para conseguir alcançá-las.
Os objetivos – que devem estar por escrito, de preferência – nos ajudam a chegar mais perto de onde realmente queremos, nos incentivando a colocar de lado medos e desistências.
Se você falhar, olhe para o seu erro com carinho e perceba que ele faz parte do processo e pode te ajudar a chegar onde você quer, pois agora você sabe qual caminho não seguir.
Estimule a autoestima
A autoestima influencia em nossas escolhas ao longo da vida e ela está diretamente relacionada com a autossabotagem.
Basicamente, uma boa autoestima vai te dar força e te tornar mais flexível frente às mudanças.
Pessoas com baixa autoestima se sentem incapazes de fazer determinadas atividades e, por isso, encontram na autossabotagem uma forma de fugir da realidade.
Algumas dicas para auxiliar na sua autoestima e mantê-la em alta são:
- conhecer a si mesmo;
- não se comparar;
- evitar os pensamentos negativos sobre si mesmo;
- praticar atividades que te fazem bem e nas quais você é bom.
Procure a ajuda de um psicólogo
Tudo isso que dissemos aqui, são dicas ótimas, mas não substituem um acompanhamento psicológico.
Se a autossabotagem está prejudicando a sua vida, o seu trabalho e as suas relações, é preciso de ajuda para quebrar o ciclo.
Muitas vezes, por si só, não conseguimos identificar causas, gatilhos e hábitos que nos prejudicam no dia a dia, mas com a ajuda de um psicólogo fica muito mais fácil.
Conheça a Psitto e inicie o seu tratamento com um de nossos profissionais!
Conclusão
Neste conteúdo, aprendemos o que é a autossabotagem na psicologia e como ela influencia em nossas relações, na nossa vida social, profissional e amorosa.
A autossabotagem não é necessariamente uma escolha consciente, mas um reflexo de situações que vivemos no passado ou do medo que temos em relação ao futuro.
É por isso que os tipos de autossabotagem podem variar, mas o objetivo é sempre o mesmo: atrapalhar a si mesmo na conquista de sonhos e desejos.
A ajuda profissional é a melhor maneira de identificar as razões de se autossabotar e de aprender a quebrar o ciclo.
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Autor: psicologa Adriana Rocco Deiques - CRP 07/08675Formação: A psicóloga Adriana Rocco possui pós-graduação em Psicologia Clínica, tratamento da dor e saúde coletiva, possuindo formação específica em Psicanálise.
Sensacional! Esclarecedor!
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