Espero que você goste desse artigo. Se você quiser, conheça os psicólogos que fazem terapia online. Autor: Lucilene Ferreira Guedes - Psicólogo CRP 06/116690
O estigma contra a depressão reduziu consideravelmente nas últimas duas décadas, mas ainda há desinformação e crenças equivocadas que prejudicam a compreensão da doença.
Como explicar a depressão para entes queridos? Quem não tem depressão pode ter dificuldade para entender o comportamento de entes queridos depressivos.
Quando a depressão afeta uma pessoa, a dinâmica familiar se modifica quase completamente. A falta de informação pode causar conflitos e dificultar o acesso ao tratamento adequado.
A depressão é uma condição muito pessoal. Muitos imaginam um indivíduo incapaz de se levantar da cama quando pensam nela, mas as pessoas depressivas não experimentam os mesmos sintomas físicos, psicológicos e emocionais. Além disso, grande parte delas têm vidas funcionais e trabalham, estudam, se relacionam, entre outros.
Entender todas essas características, além dos sintomas depressivos, é essencial para fortalecer o laço entre familiares neste período difícil. Também remove um peso dos ombros da pessoa depressiva, que não precisará sofrer com pressões da família.
Como explicar a depressão para entes queridos?
Explicar a depressão para entes queridos pode ser complicado e um tanto frustrante a princípio, principalmente se o conhecimento deles sobre a doença é escasso. Como explicar o que é depressão para alguém que nunca a teve e não sabe nada sobre o assunto?
Você pode sentir uma mistura de sentimentos negativos, como vergonha ou sensação de fracasso, durante a conversa. Do mesmo modo, comentários desagradáveis de parentes podem deixá-lo desconfortável e fazê-lo questionar se falar sobre isso é mesmo uma boa ideia.
Não existe um método perfeito para explicar a depressão a outras pessoas. Cada indivíduo precisa ficar atento aos questionamentos de entes queridos para sanar dúvidas, bem como requisitar mais compreensão e empatia. Mas, para ajudá-lo a ter uma conversa produtiva, separamos cinco dicas abaixo.
Tenha em mente que ao explicar como você se sente a familiares, amigos, colegas de quarto, cônjuge e outras pessoas próximas, você estará os ajudando a descobrir a melhor forma de apoiá-lo.
1. Não confunda a falta de compreensão com falta de amor
A depressão pode torná-lo mais sensível e pessimista em relação às pessoas. Você pode achar que não é amado, compreendido ou querido pelas pessoas a sua volta quando elas demonstram estar confusas.
Entretanto, não é porque alguém não entende a complexidade da depressão ou de distúrbios de humor que esse indivíduo não lhe ama ou não lhe apoia.
Uma pesquisa feita pela Universidade do Norte do Texas descobriu que mais de 50% das pessoas acredita que a qualidade da criação, expectativas altas demais e falta de força de vontade estão entre as causas da depressão. Esse dado demonstra que um grande número de pessoas ainda sabe bem pouco sobre a doença.
Normalmente, as pessoas aprendem sobre sintomas depressivos somente quando alguém próximo ou elas mesmas são diagnosticadas. Então, não espere que seus familiares compreendam como você se sente logo de cara.
2. Comece por partes
Para começar a explicar a depressão para entes queridos, você pode definir o que ela é e como pode afetar as pessoas. Mencione como os sintomas fazem você sentir, destacando que você não pode simplesmente escolher não ter determinado comportamento.
Por exemplo, muitas pessoas acreditam que depressão é “preguiça” e que se você se esforçar um pouco mais, conseguirá vencê-la. Mas lutar contra o cansaço, falta de perspectiva e desatenção não é assim tão simples. Vencer a depressão requer paciência, tempo e terapia.
Faça comparações com doenças físicas muito conhecidas, como hipertensão ou diabetes, para facilitar o entendimento. As pessoas costumam ter mais facilidade para entender como uma patologia impacta o corpo do que a mente.
3. Explique que qualquer pessoa pode ter depressão
Certas crenças equivocadas sobre a depressão se originaram de tabus e medo do desconhecido. Alguns indivíduos pensam se tratar de uma doença de pessoas “loucas” e “mal-agradecidas”. Porém, ela é uma das condições de saúde mental mais comuns do planeta.
Deixe claro que qualquer pessoa em qualquer momento da vida pode ter depressão, até mesmo os seus entes queridos. O desenvolvimento dela não tem nada a ver com ter uma “personalidade fraca”, “falta de força de vontade” ou “má criação”.
Experiências de vida ruins de fato colaboram para o surgimento da depressão, como perder alguém querido, sofrer um acidente grave e ser incapacitado de fazer o que você gosta por um longo período ou para sempre. Mas não são as únicas causas desse distúrbio psíquico.
4. Fale da sua experiência pessoal
Compartilhar os seus sentimentos costuma ser mais difícil do que falar sobre a depressão em termos gerais.
Uma conversa de tom pessoal envolve falar como você se sente no dia a dia, independentemente se coisas boas ou ruins estão acontecendo na sua vida; discorrer sobre o quão esgotado você se sente; e como encontrar a motivação para fazer coisas simples parece quase impossível para você.
Falar sobre isso em voz alta pode fazer com que você perceba o quão “fraco” ou “ridículo” você é. Isso, contudo, não é verdade! Não se deixe levar por pensamentos autossabotadores enquanto relata a sua experiência pessoal com a depressão.
Lembre-se que a depressão é uma condição de saúde assim como muitas outras, então têm sintomas os quais são difíceis combater. Você não exigiria que uma pessoa diabética comesse toneladas de doces e a criticaria se não fosse capaz disso, certo? É a mesma coisa.
Além disso, falar sobre como você se sente pode instigar conselhos genéricos cuja utilidade é quase nula, como “pense positivo”, “você só precisa fazer exercício” ou “encontre algo para preencher seu tempo”. Seja paciente quando ouvir esses comentários.
5. Diga a eles como podem ajudar
Muitos cônjuges, parentes e amigos querem ajudar uma pessoa querida com depressão, mas não sabem como fazê-lo. Por isso, cometem pequenos erros que podem agravar a sensação de incompetência e inadequação do depressivo. A sua intenção de aconselhar é boa, mas eles nem sempre acertam.
Defina formas que os seus entes queridos podem ajudá-lo antes de iniciar a conversa sobre depressão. Pense, por exemplo, em como você gostaria de ser tratado e quais palavras gostaria de ouvir para motivá-lo e ajudá-lo a se sentir melhor.
Peça também para que lhe avisem se notaram mudanças bruscas em seu comportamento. Você pode não notar o agravamento dos sintomas depressivos, então um aviso de uma pessoa que convive com você pode ser bem útil.
Entre as coisas que você pode pedir aos seus entes queridos para ajudá-lo a lidar com a depressão são:
- Desafiar padrões negativos de pensamento;
- Lembrá-lo de ser gentil consigo mesmo;
- Reassegurá-lo do amor que sentem por você e o amor que outras pessoas têm por você;
- Incentivá-lo a praticar hobbies, sair de casa, trabalhar e passar tempo com amigos, mas sem pressão e cobranças;
- Comemorar pequenas vitórias durante o tratamento ou dia a dia, como ter tido um dia sem mudanças bruscas de humor;
- Pergunte a você como está se sentindo, verificando com regularidade;
- Ajude-o a explicar a depressão para outras pessoas e evitar desinformação que pode ser nociva à sua saúde mental;
- Ajude-o a cumprir responsabilidades, sem assumi-las para si;
- Apoiá-lo durante o tratamento para a depressão; e
- Incentivá-lo a praticar o autocuidado diariamente. Pessoas depressivas tendem a esquecer de cuidarem de si mesmas.
Importância de uma rede de apoio para o tratamento da depressão
A depressão é uma condição de saúde mental complexa que pode debilitar as pessoas com o passar do tempo. Como afeta a maneira como o depressivo se vê e estimula pensamentos negativos, pode fazer com que a sua rotina se torne bem desagradável.
O depressivo pode ter dificuldade para perceber comportamentos pessimistas e defensivos. Assim, familiares e amigos podem ajudá-lo a ter uma percepção mais realista de si mesmo e da realidade. Na cabeça do depressivo, a vida é injusta e não existe perspectiva de felicidade, o que não é verdade.
Conclusão
É essencial que a pessoa com depressão busque ajuda psicológica para, aos poucos, voltar a se sentir bem em sua própria pele. Combater emoções ruins e padrões negativos de pensamento costuma ser difícil quando a batalha é travada sozinho.
Sendo assim, o apoio de familiares, amigos e cônjuges ao longo do tratamento é indispensável.
A rede de apoio do depressivo o auxilia a não ter recaídas ou superá-las de modo saudável, sentir-se amado e acolhido quando se sente desvalorizado, concluir pequenas tarefas domésticas quando elas se tornam muito cansativas para o depressivo, traças objetivos para o futuro, entre outros.
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Autor: psicologa Lucilene Ferreira Guedes - CRP 06/116690Formação: A psicóloga Lucilene Ferreira Guedes é graduada em Psicologia pela Universidade Paulista (UNIP), pós graduada em Espiritualidade e Estudos da Consciência pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), possui Aperfeiçoamento em Psicopatologia e Saúde Mental pelo CEPPS...
Cara Doutora Thaiana!
Muito obrigado por mais esta importante Aula. A senhora segue num movimento retilíneo uniforme pela qualidade daquilo que ensina em seus Vídeos e Artigos. Parabéns por isto!
Atenciosamente,
Luís Monteiro.